Eu sou contra cotas nas universidades públicas para descendentes de
ESCRAVOS e índios. Não é retórica. O pessoal pensa que todos os
descendentes de ESCRAVOS apoiam essa política de reparação
histórica. Afinal de contas a escravidão já acabou a mais de 100
anos, mesmo tendo durado mais ou menos 300 anos. Vivemos numa
democracia racial em que todos tem os mesmos direitos, deveres e
oportunidades.
Tá certo que logo depois da escravidão os negros foram proibidos
de adquirir imoveis, ingressar em empregos públicos ou mesmo casar
com brancos, mas isso é passado. Os italianos foram chamados pra
trabalhar no Brasil por que já estava acostumados com as “novas
técnicas” de trabalho rural e também com o trabalho na
industria. Não precisa ser economista pra saber que é muito mais
fácil trazer um cara da Europa de navio do que dar educação e
emprego pr'um que serviu aqui por 300 anos.
Engraçado que os descendentes de ESCRAVOS pedem reparação
histórica pela escravidão como se tivessem sido vitimas. É mole?
As vitimas foram os coitados dos senhores de escravos que ficaram de
uma hora pra outra sem sua força de trabalho. Tanto foram vitimas
que a monarquia pagou indenização a eles. Dizem que esse foi um dos
motivos para o advento da república, minimizando a luta honrosa das
elites brasileiras.
Mesmo a diferença de direito entre empregadas domésticas e todos
os outros trabalhadores acabou. Agora as mulheres descendentes de
ESCRAVOS e pobres que trabalham com doméstica tem os mesmos direitos
trabalhistas de um médico ou advogado branco. Eu ouvi dizer de uns
caluniadores que só fizeram isso por que com a mudança nos hábitos
e o aumento da renda média das famílias no Brasil nos últimos anos
fez com que as antigas empregadas domesticas preferissem trabalhar
como diaristas ganhando mais assim.
Quanto aos deveres ou obrigações não há nada que difira
descendentes de ESCRAVOS, brancos, índios ou judeus no Brasil. Pelo
menos eu não lembro de nada agora.
Aqui entramos no ponto central do nosso texto. As provas de seleção
para o ensino superior são iguais para todos no Brasil. Ou seja, dão
oportunidades iguais para todos os inscritos não importando se eles
são brancos, descendentes de ESCRAVOS ou azuis de bolinhas. Nos que
argumentamos contra as cotas afirmamos, esquecendo essas besteiras do
passado, que as escolas públicas onde estudam a maioria dos
descendentes de ESCRAVOS e índios tem a mesma qualidade das escolas
particulares onde geralmente não estudam os descendentes de ESCRAVOS
e índios. E mesmo que não tivesse a mesma qualidade!!! Eu acho
justo que quem paga mais merece o melhor. Coitado do pai de classe
média pagou a escola pro filho a vida toda, pagou pré vestibular...
merece um descanso quando o garoto vai pra universidade. Se os pais
dos descendentes de ESCRAVOS e índios tivessem se esforçado um
pouquinho mais, ao invés de ficar bebendo cachaça, teriam pagado
escola pros filhos também. Se cada um correr atras do seu sem se
importar com os outros teremos uma sociedade muito melhor
parafraseando aqui o célebre Adam Smith.
Vivemos uma democracia racial tão linda e a vida dos negros é tão
legal e divertida que muitos brancos querem ser descendentes de
ESCRAVOS. Por exemplo: você lembra de um livro chamado Gabriela
Cravo e Canela de Jorge amado? Este livro foi adaptado para o cinema
e para a televisão na década de 70 e a personagem principal foi
interpretada brilhantemente por Sônia Braga, mesmo que o livro fale
a respeito de uma mulata.
“Naquele ano de 1925, quando floresceu o idílio da mulata
Gabriela e do árabe Nacib, a estação das chuvas tanto se
prolongara além do normal e necessário que os fazendeiros...”
trecho do livro
Pra quem não sabe mulata é uma mestiça de branco e um descendente
de ESCRAVO. No ano passado este mesmo texto foi readaptado para uma
série de televisão e Gabriela foi interpretada por Juliana Paes.
Num programa de making of disseram que ela pra encarnar melhor a
personagem teve que se bronzear e carregar na maquiagem. Não sei
por que ela fez isso. Ela não se bronzeava e maquiava pra tomar o
lugar de mulatas quando ela desfilava em escolas de Samba. É muito
difícil achar atrizes mestiças de branco com descendente de ESCRAVO
talentosas que não precisem de maquiagem.
Eu concordo que o conceito de mulata é de difícil apreensão. Por
isso quando passa uma na rua todo mundo fica olhando e pensando:
- É mulata? Não é mulata? É mulata? Não é mulata...
Essa vontade de ser negro ainda permanece. Na verdade esta
acontecendo nesse exato momento. Esta em cartaz uma peça de teatro
sobre a vida de Tim Maia encenada por um cara que, eu ouvi dizer, é
neto de um judeu. Gente, nada contra judeus. Tenho bons amigos judeus
e pobres!!! Mesmo que as pessoas mais ricas que eu tenha conhecido
tivessem um pezinho em Israel. Eu não vi a peça, porem segundo a
critica o ator é super talentoso suplantando e muito qualquer outro
ator gordo e descendente de ESCRAVOS que pudesse aparecer. Ele é tão
talentoso que nunca precisou da ajuda do avô judeu rico. Do jeito
que a coisa vai vão chamar o Reinaldo Geanechini pra fazer filme do
cartola ou do Péle.
Vou terminar por aqui! Já excedi o tamanho do texto, já mudei de
assunto, nem falei dos índios... eu sou um descendente de ESCRAVOS
irresponsável mesmo!!! Desculpem me.