quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Contra Cotas


  Eu sou contra cotas nas universidades públicas para descendentes de ESCRAVOS e índios. Não é retórica. O pessoal pensa que todos os descendentes de ESCRAVOS apoiam essa política de reparação histórica. Afinal de contas a escravidão já acabou a mais de 100 anos, mesmo tendo durado mais ou menos 300 anos. Vivemos numa democracia racial em que todos tem os mesmos direitos, deveres e oportunidades.
Tá certo que logo depois da escravidão os negros foram proibidos de adquirir imoveis, ingressar em empregos públicos ou mesmo casar com brancos, mas isso é passado. Os italianos foram chamados pra trabalhar no Brasil por que já estava acostumados com as “novas técnicas” de trabalho rural e também com o trabalho na industria. Não precisa ser economista pra saber que é muito mais fácil trazer um cara da Europa de navio do que dar educação e emprego pr'um que serviu aqui por 300 anos.
Engraçado que os descendentes de ESCRAVOS pedem reparação histórica pela escravidão como se tivessem sido vitimas. É mole? As vitimas foram os coitados dos senhores de escravos que ficaram de uma hora pra outra sem sua força de trabalho. Tanto foram vitimas que a monarquia pagou indenização a eles. Dizem que esse foi um dos motivos para o advento da república, minimizando a luta honrosa das elites brasileiras.
Mesmo a diferença de direito entre empregadas domésticas e todos os outros trabalhadores acabou. Agora as mulheres descendentes de ESCRAVOS e pobres que trabalham com doméstica tem os mesmos direitos trabalhistas de um médico ou advogado branco. Eu ouvi dizer de uns caluniadores que só fizeram isso por que com a mudança nos hábitos e o aumento da renda média das famílias no Brasil nos últimos anos fez com que as antigas empregadas domesticas preferissem trabalhar como diaristas ganhando mais assim.
Quanto aos deveres ou obrigações não há nada que difira descendentes de ESCRAVOS, brancos, índios ou judeus no Brasil. Pelo menos eu não lembro de nada agora.
Aqui entramos no ponto central do nosso texto. As provas de seleção para o ensino superior são iguais para todos no Brasil. Ou seja, dão oportunidades iguais para todos os inscritos não importando se eles são brancos, descendentes de ESCRAVOS ou azuis de bolinhas. Nos que argumentamos contra as cotas afirmamos, esquecendo essas besteiras do passado, que as escolas públicas onde estudam a maioria dos descendentes de ESCRAVOS e índios tem a mesma qualidade das escolas particulares onde geralmente não estudam os descendentes de ESCRAVOS e índios. E mesmo que não tivesse a mesma qualidade!!! Eu acho justo que quem paga mais merece o melhor. Coitado do pai de classe média pagou a escola pro filho a vida toda, pagou pré vestibular... merece um descanso quando o garoto vai pra universidade. Se os pais dos descendentes de ESCRAVOS e índios tivessem se esforçado um pouquinho mais, ao invés de ficar bebendo cachaça, teriam pagado escola pros filhos também. Se cada um correr atras do seu sem se importar com os outros teremos uma sociedade muito melhor parafraseando aqui o célebre Adam Smith.
Vivemos uma democracia racial tão linda e a vida dos negros é tão legal e divertida que muitos brancos querem ser descendentes de ESCRAVOS. Por exemplo: você lembra de um livro chamado Gabriela Cravo e Canela de Jorge amado? Este livro foi adaptado para o cinema e para a televisão na década de 70 e a personagem principal foi interpretada brilhantemente por Sônia Braga, mesmo que o livro fale a respeito de uma mulata.

    “Naquele ano de 1925, quando floresceu o idílio da mulata Gabriela e do árabe Nacib, a estação das chuvas tanto se prolongara além do normal e necessário que os fazendeiros...” trecho do livro

Pra quem não sabe mulata é uma mestiça de branco e um descendente de ESCRAVO. No ano passado este mesmo texto foi readaptado para uma série de televisão e Gabriela foi interpretada por Juliana Paes. Num programa de making of disseram que ela pra encarnar melhor a personagem teve que se bronzear e carregar na maquiagem. Não sei por que ela fez isso. Ela não se bronzeava e maquiava pra tomar o lugar de mulatas quando ela desfilava em escolas de Samba. É muito difícil achar atrizes mestiças de branco com descendente de ESCRAVO talentosas que não precisem de maquiagem.
Eu concordo que o conceito de mulata é de difícil apreensão. Por isso quando passa uma na rua todo mundo fica olhando e pensando:

            - É mulata? Não é mulata? É mulata? Não é mulata...

Essa vontade de ser negro ainda permanece. Na verdade esta acontecendo nesse exato momento. Esta em cartaz uma peça de teatro sobre a vida de Tim Maia encenada por um cara que, eu ouvi dizer, é neto de um judeu. Gente, nada contra judeus. Tenho bons amigos judeus e pobres!!! Mesmo que as pessoas mais ricas que eu tenha conhecido tivessem um pezinho em Israel. Eu não vi a peça, porem segundo a critica o ator é super talentoso suplantando e muito qualquer outro ator gordo e descendente de ESCRAVOS que pudesse aparecer. Ele é tão talentoso que nunca precisou da ajuda do avô judeu rico. Do jeito que a coisa vai vão chamar o Reinaldo Geanechini pra fazer filme do cartola ou do Péle.
Vou terminar por aqui! Já excedi o tamanho do texto, já mudei de assunto, nem falei dos índios... eu sou um descendente de ESCRAVOS irresponsável mesmo!!! Desculpem me.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Luxuosos Transatlânticos (CIFRA)


(Cláudio Jorge e Nei Lopes) 



F      C7           F     
Em Luxuosos Transatlânticos

                    F#°               Gm7
Os Negros Vinham Da África Para o Brasil

                         C7
Gozando De Mordomias Faraônicas
                                       F

Chegavam Aqui Com O Ar Fagueiro E Juvenil

                           D7
E Mal Desembarcavam Lá No Porto

               Cm
Com Todo O Conforto
       D7 
     Gm7   
Em Luxuosas Senzalas Iam Se Hospedar



Gm7                  G#°
Tratados A Pão-De-Ló

   Am                   D79
Comendo Do Bom E Do Melhor

   Gm7         C7    F   (D79)
Levavam A Vida A Cantar



F C7 F Bb C7 F
La la ia La la ia  

Bb            C7    F
Nos Campos E Nas Cidades
          C#°                   Dm 

Naqueles Tempos Que Não Voltam Mais
    Gm7            G#°        Am

Reinava a Mais Perfeita Harmonia
D79           G7                   C7

Tudo Era Alegria, Amor, Carinho E Paz
Bb        C7  F

Até Que Exóticas Ideologias

   C#°                  Dm
Fizeram o cativeiro acabar
      Gm                G#°

Mas A Índole Mansa E Pacífica
Am              D79

Dessa Gente Magnífica
G7          C7        F  

Fez O Negro Se Recuperar


C7
(No Brasil!) 


F                       Bb
Hoje 
No Brasil Da Liberdade

                  C7
Onde Tudo é Igualdade
                  F             C7
Sem Distinção De Raça e Nem De Cor

   F           Bb  
O Negro Agradecido
C7                F

Ergue Aos Céus o Seu Louvor

C7   Bb C7 F F7
   ÔÔÔÔÔÔÔÔÔ

           Bb         C7           F  (F7)
Ai Que Saudade Dos Carinhos Do Feitor 2x



C7                 F
Obrigado Isabel!

Gretchen e Virada Copernicana na Cultura Brasileira



Kant no prefácio da Critica da Razão pura expõem seu projeto de fazer pela filosofia o que Copérnico fez pela a astronomia. Kant propõem a analise da própria razão, sua estrutura, seus limites ao invés de seus resultados. Assim munidos de tais conhecimentos estaríamos cônscios do que esperar e do que não esperar da razão. No meio de sua exposição ele fala que Copérnico de maneira análoga tirou a terra do centro do universo e a fez vagar como simples planeta no sistema solar. Daí ele cunha a expressão revolução copernicana.
Gretchen também foi responsável por uma revolução copernicana no modo de dançar. Em uma entrevista ela afirmou que propositalmente começou a dançar de costas para o público ou para a câmera. Será que não poderíamos também inverter nossa percepção sobre essa fabulosa artista Brasileira que numa revolução copernicana mudou para sempre a historia da música e da dança no Brasil?
Nascida como Maria Odete Brito de Miranda alcançou a fama com o nome artistico de Gretchen. No seu nome artístico já há uma clara referencia a personagem Gretchen (em português Margarete) de Goethe em seu livro Fausto, mostrando assim a cultura e erudição de nossa pensadora. Mas ela foi alem de sua cultura europeia.
Na mesma entrevista Gretchen afirma ter feito balé e outras danças desde criança e que a ideia de dançar de costas foi uma reação a “rigidez” que essas danças lhe impuseram.
O balé e outras danças de palco europeias são criadas e desenvolvidas através do paradigma o palco italiano em que há um sentido de frente-atras, certo-errado, feio-bonito, artista-expectador. Mas em outras matrizes de pensamento como a indígena e a africana não há palco. As pessoas geralmente dançam em círculos não há frente e atras, certo errado, feio bonito artista expectador. Ao dançar de costas ela subverteu a ordem “natural” das coisas assim como o filosofo alemão e o astrônomo polonês. Gretchen com sua virada copernicana libertou a dança brasileira do julgo europeu e evidenciou as matrizes Indígena e africanas na dança brasileira.
Por esta razão peço a imediata colocação de Gretchen no Panteon dos grandes filósofos brasileiros assim como Farias Brito, Tobias Barreto, Olavo de Carvalho e Raul Landim.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Índios que usam celular



  Tenho acompanhado superficialmente, pelas redes sociais, o debate a respeito da desapropriação de um terreno, que exite perto do maracanã, entre um grupo de índios que reivindica a posse para a criação de um museu nesse espaço contra o Governo do Estado do Rio de janeiro que pretendia transformar em estacionamento ou coisa parecida. Este é um resumo do que apreendi dos fatos perdoe-me pela possível falta de precisão na descrição.
O que me interessou no meio de milhares de posts, comentários, debates foi de ter ouvido a expressão “Índio de que usam celular...”. Nessa altura me lembrei de uma das aulas mais estressantes que tive no estagio do Colégio Pedro II (pra quem não sabia, como eu, uma das melhores instituições de ensino no Brasil fundada por um cara que veio de Portugal) nessa aula um garoto de no máximo 14 anos anos, branco, argumentava que índios que usam celular e havaianas não são índios e que por que não eram índios não mereciam demarcação de terras.
Esta foi uma das poucas vezes em 2 anos como estagiário que perdi a paciência com um aluno. Como um garoto com essa idade, numa instituição desse porte pode ter uma ideia tão IMBECIL em pleno século anos 21? E o pior de tudo! Já estava até conseguindo algum assentimento do resto da turma. Eu que Geralmente ficava no fundo da sala calado, me levantei e pedia a palavra a professora orientadora e tentei mostrar ao garoto o quanto ele estava errado. Acho que não consegui convencer o IMBECIL (não estou nem um pouco preocupado com o politicamente correto. Será que há alguma coisa no Estatuto da Criança e do adolescente que me impeça de constatar que um aluno é um IMBECIL? Ou tenho que esperar a maior idade para fazê-lo?) mas acho que consegui “salvar” o resto da turma.
Realmente é necessário um curso de Filosofia para fazer uma distinção tão simples entre cultura e instrumento? Será que alguém é tão idiota ao ponto de achar que se o Peri ligar pra Ceci a chamando pra ir na oca do pajé pra fazer uma dança da chuva isso o torna menos índio? Infelizmente começo a desconfiar que sim. E começo a perceber que há um certo sentido nisso geralmente as pessoas deixam-se idiotizar quando lhes convêm: “Esse preto não tem alma” , “Índio que usa celular não é índio” se eu me deixo idiotizar assim, posso continuar escravizando ou roubando terras e continuar dormir como um bom cristão.
Sinceramente não sei p q estou fazendo isso. Meus 3 ou 4 amigos que vão ler este texto não precisam (Não sou amigo de IMBECIS) e os IMBECIS a que este se destina nunca vão ler o meu texto. Ah! Sei lá vou fazer... vai pra rede mesmo... Vai que alguém IMBECIL acha na busca e se “salva”.
Certamente o conceito de cultura engloba o conceito de instrumento, mas numa relação fundante-fundado. Falando em português claro, uma cultura usa um instrumento mas nunca é usada por ele. Cultura é muito mais do que roupas e instrumentos. São formas de agir, de se relacionar, de pensar de se estruturar socialmente, de acreditar... pode se fazer isto por meio de instrumentos. Pode ser até sacralizar algum instrumento mas sempre dentro de uma relação cultural. Nunca de fato ou cientificamente ( a ciência também é fruto da cultura).
Ο instrumento pode ter uma relação contingente ou necessária para uma certa cultura. O celular é acidental na cultura indígena. Ter um celular não faz ou deixa de fazer de ninguém um índio. A hóstia é necessária ao catolicismo. Acreditar que um pedaço de pão é algo além de um pedaço de pão faz de alguém católico ou não.
Outra questão sobre o instrumento é de que eles são intercambiáveis entre culturas. Daí é fácil concluir que não há cultura pura num mundo pequeno e globalizado. O Pandeiro que é necessário na cultura do samba é de origem árabe, o futebol que as vezes é identificado como elemento de definição da cultura nacional é de origem inglesa etc... Porém nesse intercambio há sempre uma resignificação do instrumento. Certamente o jeito de tocar pandeiro no Brasil é muito diferente do modo árabe. Nem é preciso mencionar a diferença entre o futebol brasileiro e o inglês.
Poderia me estender por paginas, mas como os meus 3 amigos ( lembrei que o quarto nunca entra na internet) poderão ouvir estes argumentos de mim de forma muito mais aprazível e pormenorizada em algum bar regados a uma cerveja xelada! E que os IMBECIS não leem nada alem de uma pagina. Termino aqui.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Poética


Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com o livro do ponto expediente 
[protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor

Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário de 
[cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clows de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

limite?


Qual será o limite da língua?
O céu da boca?

Pela palavra transformo boi preto em elefante branco...

Viu?




sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Metaphysics

we can vanish
but life goes on
the sun will shut down
but the universe go on
we can not hear 
but the song never stops

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Quando Você esta (on)

Não tenho Carro 
Não tenho dinheiro
Só tenho mesmo essa canção
Que fiz no chuveiro
Lavando o cabelo
Lembrando quando você...

Quando você está
Tudo é tão bom
Tudo é tão lindo
Tudo parece canção

Lá Lá Lá

Não tenho casa
Nem apartamento
Não tenho ao menos um tostão
Pra te levar num passeio
Um lugar maneiro
Por isso eu canto essa canção



Pessimismo Linguístico


Ninguém ouve ninguém
ninguém fala com ninguém
é engraçado ver as pessoais gritando, gesticulando
como se estivessem num dialogo
como se através do logos
pudessem comunicar o que sentem, o que pensam, o que são...

é impossível dizer o que sou
se pudesse dizer, não ouviriam
se pudessem ouvir não entenderiam
se pudessem entender veriam que somos exatamente a mesma coisa

monadas

Que Sejas Feliz


Quase me doí te ver assim
com a flor no cabelo
e esse jeito de tão feliz
infelizmente esse sorriso
não é pra mim

estou feliz por ter deixado você partir
por ter feito a coisa certa

espero que sejas feliz
que de todo certo no fim
que o amor q eu te desejo
chegue um dia pra você
e para  mim



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Quadros Que Pintam de Mim


Nos quadros que pintam de mim
sou branco, fidalgo do século XVIII
senhor de escravos
ou capitão do mato cruel, irascível
sempre uso óculos e a cabeça e sempre muito grande
Estou sempre em pé olhando para baixo
como quem condena a miséria humana
um certo riso de deboche
minhas qualidades viram meus defeitos e vice versa
como se a tela fosse pintada de ponta cabeça

Eu sempre me pergunto por que me pintar assim
e se sou tão horrível por que chegar perto de mim
para me mostrar esse quadro tão horrendo?

Sem Título 1



o pessoal que joga bola e bebe cerveja
acha estranho o pessoal que discute política e bebe cerveja
o pessoal que discute política e bebe cerveja
acha estranho o pessoal que lê a bíblia e não bebe cerveja
o pessoal que lê a bíblia e não bebe cerveja
acha estranho o pessoal que joga bola e bebe cerveja
só a cerveja não acha nada!

Nunca


eu nunca minto
as vezes falo com ironia
e se o outro(a) não entende
azar o dele(a)

Minha Tia


minha tia foi comer um bacon de abacate
e vendo a galinha dançar sem juízo na cintura 
um gostoso forrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrró
ficou com dor de dente na dentadura
e pensou:

- Que bom seria se todo mundo tivesse sua 'bassoura' com seu nome escrito nela!!!

Verso da Prosa



A vida que era verso
hoje é prosa

É inevitável que o verso
se torne parte
da prosa com arte

o prosaico da vida
se reflete na arte do verso
como reverso...

e o reverso do verso
é a prosa do dia a dia