sábado, 2 de março de 2013

Roteiro das Chopadas de Filosofia


 Se escrevo minhas memórias agora é pra quando ficar velho poder fazer alguma coisa de útil como ler Kant, estudar grego…

O primeiro evento em qualquer chopada era o corinho:

- Cerveja! Cerveja!

Que era puxado por afoitos que chegavam ao bar pra reclamar que a chopada estava demorando, não importando a hora que a chopada tivesse sido combinada. Eu me lembro de ter ouvido esse corinho uma vez as dez da manhã.
Entre duas e três horas da tarde, as vezes no final da tarde, nunca a noite, chegava o pessoal do centro acadêmico pra preparar a chopada. Mesmo tendo feito parte do CAFIL por um ano não me lembro bem em consistia isso. Arrumar copo para todos? Pagar o bar? Contar as cervejas?
Mais ou menos uma hora depois começava a chopada de fato com a distribuição de cerveja de graça. Euforia total.
Quinze minutos depois o Cafil anunciava que a cerveja acabou. Comoção geral. Algum lucido de chapéu (não sei por que na minha me moria era sempre alguém de chapéu) convocava o ratata. O Ratata prosseguia ao encargo do cafil.
Mas ou menos mais uma hora depois começava a ser servida a cerveja do ratata. Novo surto eufórico.
Meia hora depois a cerveja acabava de novo. O lúcido, agora bem menos lucido, convocava o segundo ratata.
Entre o recolhimento do dinheiro para o segundo ratata e a cerveja de fato acontecia a briga do Richard. Em geral nosso campeão não escolhia adversários mas o seu adversário preferido era o Danilo Cara de Cavalo.
Depois que “a turma do deixa disso” atuava e com a chegada da cerveja do segundo ratata os ânimos se acalmavam. A essa altura já eram sete ou oito horas da noite. Eu indecorosamente bêbado ia para casa por que por volta desse horário passava um ônibus que me deixava na porta de casa. Se eu mais tarde, mais bêbado, tivesse que andar mais tempo pra chegar em casa talvez não estivesse escrevendo este texto agora.
Mas sempre depois que eu ia embora acontecia alguma coisa inesperada. Na primeira chopada logo depois que entrei na faculdade que ou eu não fui ou não bebi (o que da no mesmo) aconteceu o famoso beijo das sete mulheres. Bem pelo título acho que não preciso explicar muito o que aconteceu. Lembro que um amigo meu ator de teatro, boa pinta, conversa mole ficou com a professora mais magra do cone sul!!! A única vez que me lembro de ter ficado até um pouco mais tarde o inesperado foi comigo, mas não estou aqui pra me gabar.
Pra mim, a chopada geralmente acabava na segunda-feira quando eu sentava na escada do terceiro andar e perguntava pra alguém:

- que aconteceu depois que eu fui embora?
- Cara... -
- Puta... Eu sempre perco a melhor parte!

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