Se
escrevo minhas memórias agora é pra quando ficar velho poder fazer
alguma coisa de útil como ler Kant, estudar grego…
O
primeiro evento em qualquer chopada era o corinho:
-
Cerveja! Cerveja!
Que
era puxado por afoitos que chegavam ao bar pra reclamar que a chopada
estava demorando, não importando a hora que a chopada tivesse sido
combinada. Eu me lembro de ter ouvido esse corinho uma vez as dez da
manhã.
Entre
duas e três horas da tarde, as vezes no final da tarde, nunca a
noite, chegava o pessoal do centro acadêmico pra preparar a chopada.
Mesmo tendo feito parte do CAFIL por um ano não me lembro bem em
consistia isso. Arrumar copo para todos? Pagar o bar? Contar as
cervejas?
Mais
ou menos uma hora depois começava a chopada de fato com a
distribuição de cerveja de graça. Euforia total.
Quinze
minutos depois o Cafil anunciava que a cerveja acabou. Comoção
geral. Algum lucido de chapéu (não sei por que na minha me moria
era sempre alguém de chapéu) convocava o ratata. O Ratata
prosseguia ao encargo do cafil.
Mas
ou menos mais uma hora depois começava a ser servida a cerveja do
ratata. Novo surto eufórico.
Meia
hora depois a cerveja acabava de novo. O lúcido, agora bem menos
lucido, convocava o segundo ratata.
Entre
o recolhimento do dinheiro para o segundo ratata e a cerveja de fato
acontecia a briga do Richard. Em geral nosso campeão não escolhia
adversários mas o seu adversário preferido era o Danilo Cara de
Cavalo.
Depois
que “a turma do deixa disso” atuava e com a chegada da cerveja do
segundo ratata os ânimos se acalmavam. A essa altura já eram sete
ou oito horas da noite. Eu indecorosamente bêbado ia para casa por
que por volta desse horário passava um ônibus que me deixava na
porta de casa. Se eu mais tarde, mais bêbado, tivesse que andar mais
tempo pra chegar em casa talvez não estivesse escrevendo este texto
agora.
Mas
sempre depois que eu ia embora acontecia alguma coisa inesperada. Na
primeira chopada logo depois que entrei na faculdade que ou eu não
fui ou não bebi (o que da no mesmo) aconteceu o famoso beijo das
sete mulheres. Bem pelo título acho que não preciso explicar muito
o que aconteceu. Lembro que um amigo meu ator de teatro, boa pinta,
conversa mole ficou com a professora mais magra do cone sul!!! A
única vez que me lembro de ter ficado até um pouco mais tarde o
inesperado foi comigo, mas não estou aqui pra me gabar.
Pra
mim, a chopada geralmente acabava na segunda-feira quando eu sentava
na escada do terceiro andar e perguntava pra alguém:
- que aconteceu depois que eu fui embora?
- Cara...
-
- Puta...
Eu sempre perco a melhor parte!
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